LOC.: Olá! Sejam bem-vindos ao Entrevistado da Semana. Eu sou o Felipe Moura e nesta edição nós vamos conversar com o professor Edgilson Tavares de Araújo. Ele é doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Além disso, é presidente da Associação Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas (ANEP).
O bate-papo de hoje é sobre o sistema de proteção socioassistencial brasileiro, que inclui o Auxílio Emergencial, Bolsa Família e o BPC, por exemplo.
Professor Edgilson, muito obrigado por nos receber.
TEC./SONORA: Edgilson Tavares de Araújo, doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
“Olá, Felipe! Obrigado. Agradeço ao Brasil 61 e a todos os espectadores que nos assistem neste momento para tratarmos de um tema tão relevante.”
LOC.: Qual a sua opinião e como o senhor avalia o retorno do programa auxílio-emergencial agora em 2021? Acredita que seja necessário continuar com as políticas públicas de redução de jornada e corte de salários, por exemplo?
TEC./SONORA: Edgilson Tavares de Araújo, doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
“É de extrema importância, mas também preocupante porque o que nós temos não é um auxílio emergencial numa perspectiva de direito social. É como se valesse uma máxima preconceituosa de que ‘para pobre qualquer coisa serve’. O que é que se faz hoje num supermercado com 250 reais? É vergonhoso considerarmos que é suficiente para a pessoa em extrema pobreza viver apenas com 250 reais. Considerando todos os fatores que já citei, desemprego, inflação, etc., etc. Sem contar ainda as próprias condições de moradia.”
LOC.: Entendi. E como o senhor avalia essa questão da necessidade de continuar com as políticas públicas de redução de jornada e corte de salários?
TEC./SONORA: Edgilson Tavares de Araújo, doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
"Isso é algo extremamente preocupante. Quer dizer, se o auxílio emergencial é considerado como direito, ele não pode ser visto como uma moeda de troca. É cobrir um santo para descobrir o outro. Isso só prova, cada vez mais, que para a atual gestão pública executiva deste país, o auxílio emergencial não é considerado como um direito social, mas sim como um instrumento meramente político. Precisa pensar em como a gente pode de fato cuidar da economia sem necessariamente precisar atacar os direitos trabalhistas, sem precisar atacar os servidores públicos, sem precisar atacar a vinculação orçamentária obrigatória para a Saúde e Educação. A gente tem que lembrar, inclusive, que o auxílio emergencial não é uma benesse governamental. Ele é uma conquista da sociedade civil que é colocada no plano político.”
LOC.: O senhor poderia explicar um pouco sobre o que é o Cadastro Único e como as prefeituras podem contribuir com estes registros?
TEC./SONORA: Edgilson Tavares de Araújo, doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
“O Cadastro Único, na minha opinião, é um dos maiores e mais inovadores instrumentos de política pública, reconhecido internacionalmente, que nós temos na nossa gestão pública. Ele é um conjunto de informações sobre famílias brasileiras em condição de pobreza e de extrema pobreza. Essas informações servem, inclusive, para planejamento e implementação de algumas políticas públicas sociais em nível federal, estadual e municipal. O Cadastro Único precisa cada vez mais ser valorizado pelo governo federal e por todos os governos subnacionais.”
LOC.: Qual a importância e como o senhor avalia o Programa Bolsa Família?
TEC./SONORA: Edgilson Tavares de Araújo, doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
“Não temos dúvidas de que o Bolsa Família é o maior programa de distribuição de renda que tivemos nos últimos anos, independente de governos, a gente vê de fato que essa é uma política pública que se consolidou nesse país. Ninguém vai conseguir mudar completamente isso. Precisamos, talvez, ampliar o aprimoramento do Bolsa Família com relação à integração com serviços socioassistenciais. Precisamos ter uma integração de serviços e benefícios socioassistenciais.”
LOC.: Professor, o senhor acredita que a pandemia do coronavírus deve impactar ainda mais os serviços e benefícios assistenciais em 2021? Esse reflexo deve continuar na opinião do senhor?
TEC./SONORA: Edgilson Tavares de Araújo, doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
“Com certeza. A pandemia do coronavírus sem a perspectiva de nós termos, de fato, uma vacinação em massa da população brasileira, sem a perspectiva inclusive de se priorizar públicos em situação de extrema vulnerabilidade e risco para além de idosos e profissionais de saúde, o que incluiria inclusive os profissionais do SUAS, que deveriam ser prioridade na vacinação e profissionais da educação, a gente tende a ter aí vários impactos negativos com relação às pessoas que fazem e que necessitam desses serviços e desses benefícios socioassistenciais.”
LOC.: E, com isso, nós chegamos ao final do nosso bate-papo. Doutor Edgilson Tavares de Araújo, muito obrigado pela participação do senhor e pela contribuição.
TEC./SONORA: Edgilson Tavares de Araújo, doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
“Ok. Obrigado, Felipe.”
LOC: O Entrevistado da Semana fica por aqui. Obrigado pela sua audiência e até a próxima. Tchau!
Reportagem, Felipe Moura