LOC.: O preço dos imóveis encerrou 2022 com a maior alta em oito anos, com um aumento de 6,16%. É o que aponta o Índice FipeZAP+, divulgado nesta quarta-feira (11). A pesquisa acompanha o comportamento dos preços de venda de imóveis residenciais em 50 cidades brasileiras, sendo 16 capitais.
Segundo o economista do DataZAP+, Pedro Tenório, o preço do imóvel começou a valorizar mais rapidamente durante a pandemia, quando as pessoas aram a repensar sobre a moradia. A crise sanitária viabilizou uma manutenção da taxa de juros em um patamar mais baixo, o que significa uma redução da taxa de financiamento.
Já o mestre e doutorando em economia, Benito Salomão, explica que o aumento pode também estar relacionado a falhas no mercado imobiliário, que possui um número limitado de ofertantes e um número razoavelmente alto de consumidores.
TEC./SONORA: Benito Salomão, mestre e doutorando em economia
“Quando a economia retrai, quando o PIB cai ou entra em estagnação, o preço dos imóveis não cai na mesma proporção. Então há um comportamento assimétrico com relação ao preço dos imóveis em relação ao ciclo econômico. Eles sobem mais na fase expansiva do ciclo e caem menos na fase recessiva do ciclo.”
LOC.: Na avaliação do doutor em economia e professor na Universidade Mackenzie, Hugo Garbe, o maior impacto do aumento do valor é sobre a população mais carente, já que com uma renda menor é mais difícil adquirir imóveis residenciais.
TEC./SONORA: Hugo Garbe, doutor em economia e professor na Universidade Mackenzie
“Primeiro porque a taxa de juros está muito alta, então temos o empréstimo. Quando você faz o empréstimo para o financiamento imobiliário, você acaba pagando mais caro. E, mesmo se as famílias tiverem dinheiro para pagar à vista, acaba saindo mais caro também por conta desse incremento maior do que a inflação.”
LOC.: Mesmo com o aumento no preço registrado no último ano, o economista afirma que foi algo pontual e não deve se manter em 2023, em especial para venda. Isso porque a inflação continua alta e os imóveis residenciais tendem a ter uma acomodação na sua valorização a partir desse ano.
Reportagem, Nathália Guimarães.