LOC.: Representantes de entidades do comércio se reúnem nesta terça-feira, dia 3, com o Ministério do Trabalho, para discutir os efeitos da Portaria nº 3.665 de 2023 — uma norma considerada polêmica pelo setor produtivo e que teve sua entrada em vigor adiada por três vezes.
A portaria determina que os estabelecimentos só poderão funcionar aos domingos e feriados se houver negociação coletiva com os sindicatos. Na prática, ela acaba com a autorização automática para o comércio abrir nesses dias.
A mudança preocupa empresários e trabalhadores, já que os fins de semana e feriados costumam ser os dias de maior movimento e faturamento. Para os empregadores, a exigência traz custos extras, perda de competitividade e ameaça à geração de empregos.
Segundo a advogada Priscilla Pacheco, especialista em Direito do Trabalho, a regra impõe uma nova obrigação ao empregador: negociar com o sindicato e firmar um acordo antes de escalar funcionários para esses dias.
TEC/SONORA: advogada Priscilla Pacheco, especialista em Direito do Trabalho
"Além disso, essa exigência pode representar custos adicionais para a empresa, já que muitas convenções coletivas impõem contrapartidas como pagamento em dobro, folgas compensatórias específicas ou até mesmo benefícios adicionais. Outro ponto é que as empresas também devem se preparar com antecedência, analisando suas políticas internas, revendo escalas de trabalho e preparando RH e gestores para evitar ivos trabalhistas."
LOC: O presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), que representa cerca de 2.300 associações comerciais em todo o país, cobra a revogação da portaria. Alfredo Cotait, entende que a norma interfere na autonomia dos trabalhadores — que enxergam nos turnos alternativos uma oportunidade de aumentar a renda — e impõe restrições ao comércio, representando um retrocesso.
TEC/SONORA: Alfredo Cotait, presidente da CACB
"Ela é um retrocesso. Exatamente nos domingos e feriados que os nossos comerciantes, de várias atividades, têm os seus melhores dias para fazer as vendas. Estão todos necessitados de que gerar mais renda e vender os seus produtos.”
LOC.: O comércio é um dos setores que mais geram empregos formais no Brasil. Em 2024, foram mais de 336 mil novas vagas com carteira assinada, segundo dados do Novo Caged. Só em fevereiro deste ano, foram mais de 46 mil novos postos de trabalho.
A portaria deve entrar em vigor no dia 1º de julho. A expectativa é de que o encontro de hoje com o governo possa trazer ajustes — ou até mesmo a revogação da norma.
Reportagem, Livia Braz