LOC: O escoamento de grãos produzidos no Mato Grosso pode ficar mais ágil e o preço do frete do transporte de cargas pode cair a partir do ano que vem, quando o governo Federal concluir as obras de pavimentação dos últimos 30 Km da BR 163, no trecho de ligação dos portos de Miritituba (PA) e Santarém (PA).
Em 2019, 50 Km da rodovia tiveram pavimentação concluída entre os distritos de Moraes Moreira (PA) e Miritituba (PA). A obra está na fase final e depende, ainda, de construção de acostamentos e de sinalização, o que deve ser concluído em janeiro. A informação é do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, publicada nas redes sociais na última semana.
Quando ficar pronta, a nova infraestrutura da BR 163 vai contribuir para elevar a quantidade de cargas transportada na rodovia em até 45%, como explica a assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a CNA, Elisângela Lopes.
TEC/SONORA: assessora técnica da CNA, Elisângela Lopes
“A gente verificou que os portos do Arco-Norte, localizados na afluência da BR 163, têm capacidade para escoar 70 milhões de toneladas de grãos, mas só estamos escoando 32,5 milhões, porque não tem infraestrutura de o”.
LOC: Com o possível aumento da movimentação de cargas na BR 163, a tendência é que o preço cobrado pelo frete estabilize em patamares menores aos praticados atualmente.
Na condição caótica que dominou a rodovia, nas últimas décadas, o frete de cargas entre Sorriso (MT) e Miritituba (PA), por exemplo, chegou a custar 25% a mais do valor médio praticado no mercado.
O presidente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio, Edeon Vaz Ferreira, lembra que em muitas situações, as tabelas oficiais de preços nada serviam como base para o cálculo do transporte porque as condições precárias da pista fixavam variantes extras, como tempo de viagem excessivo, riscos de quebra dos caminhões e equipamentos, segurança da carga e dos motoristas. Ele afirma que os produtores tiveram grandes prejuízos por causa da antiga precariedade da BR.
TEC/SONORA: presidente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio, Edeon Vaz Ferreira
“No ano ado, se considerarmos o valor de R$ 50 de diferença naquilo que é cobrado entre o trecho Cafezal-Porto Velho e o valor cobrado na BR 163, se você multiplica por nove milhões, nós teríamos um prejuízo de R$ 450 milhões, em 2018”.
LOC: Quando as obras de pavimentação da BR 163 forem concluídas, o impacto positivo nas contas dos produtores e do setor público pode ir além do preço direto do frete. A infraestrutura vai mudar a logística, que atualmente é voltada para os portos das regiões Sul e Sudeste.
É que devido às restrições de escoamento pela BR 163, parte significativa da produção de Mato Grosso segue para os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
O trajeto não é vantajoso para o produtor porque o transporte de grãos por caminhões a a gerar prejuízos quando eles rodam mais de mil quilômetros para entregar as cargas.
As distâncias do Mato Grosso para São Paulo e Paraná são de 1.500 km e 2.000 km, respectivamente.
Por isso, o transporte pela BR 163 é a melhor opção para os produtores, já que, a distância entre Sorriso (MT) e Miritituba (PA) é de pouco mais de mil quilômetros.
Para o produtor de grãos e presidente do Sindicato Rural de Sorriso (MT), Tiago Stefanello, a conclusão da pavimentação da BR 163 pode iniciar período de forte crescimento econômico no agronegócio do país e estabilizar os preços do transporte, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Norte do país.
TEC/SONORA: presidente do Sindicato Rural de Sorriso (MT), Tiago Stefanello
“Com esse governo novo, as obras aumentaram muito rapidamente. Está sendo efetuado o que os governos ados não fizeram”.
LOC: No próximo ano, o IBGE estima que o país deva colher mais de 240 milhões de toneladas de grãos. A soja deve ter produção recorde, com colheita estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, acima dos 121 milhões de toneladas.
Se o número for confirmado, o Brasil vai ultraar os Estados Unidos e assumirá o posto de líder mundial na produção de soja, pela primeira vez na história. As exportações do grão devem superar 72 milhões de toneladas.
Com a colaboração de Felipe Torres. Reportagem. Cristiano Carlos