LOC: Apesar da greve dos servidores da Agência Nacional de Mineração (ANM), o governo pagou, na semana ada, os recursos da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral) do mês de julho. O dinheiro é referente aos royalties da mineração — uma contrapartida financeira que estados e municípios produtores de minérios recebem para amenizar os efeitos negativos causados pela atividade.
Em nível nacional, o governo reou cerca de R$ 373 milhões a 2.158 municípios produtores de minérios.
Mesmo com atraso — as parcelas de maio e junho ainda não foram readas — os prefeitos ganharam novo fôlego para prosseguir com ações fundamentais para a recuperação dos impactos da exploração mineral em seus territórios. É o caso de Parauapebas (no Pará) e Ouro Preto (em Minas Gerais), grandes produtores de ferro. Parauapebas recebeu aproximadamente R$ 55,4 milhões. E Ouro Preto recebeu um depósito de cerca de R$ 6,6 milhões.
De acordo com Darci José Lermen ( MDB), prefeito que cumpre o seu quarto mandato à frente do Executivo de Parauapebas, muitas vezes é preciso que o gestor prepare o município para o período “pós-mineração”. Segundo ele, a CFEM constitui uma das principais fontes de arrecadação dos municípios mineradores e, no caso da cidade paraense, os recursos são usados principalmente em investimentos.
SONORA: Darci José Lermen (MDB), prefeito de Parauapebas (PA)
“A CFEM constitui uma das principais fontes de arrecadação dos municípios mineradores, talvez seja a principal da maioria deles. Esse recurso ele basicamente é usado para fazer investimentos. Então você não pode pagar folha de pagamento e outras coisas. Nós estamos usando ele bastante para construir os parques e preparar a cidade para o pós-mineração. Nós estamos preparando uma nova matriz econômica, nós estamos apostando muito na questão do turismo, que nós temos uma floresta maravilhosa e temos equipamentos já planejados para instalar e outros planejados para instalar, o que ajuda as pessoas a ter uma qualidade de vida melhor no nosso município."
LOC: Já o prefeito de Ouro Preto (Minas Gerais), Ângelo Oswaldo (do PV), observou que a compensação dos royalties financeiros, reada aos municípios mineradores, foi criada porque "minério não dá duas safras”. Segundo ele, a compensação se faz necessária, porque a exploração mineral causa muitos distúrbios nos territórios de onde são retirados os minérios.
SONORA: Ângelo Oswaldo (PV-MG), prefeito de Ouro Preto
"Há uma extração do nosso solo. E isso é compensado, porque minério não dá duas safras. Portanto, nós merecemos uma compensação por aquilo que perdemos. E esses recursos são fundamentais para que o município possa fazer face às demandas de seu desenvolvimento sustentável, uma vez que a mineração traz também muitos distúrbios. A cada ciclo de expansão, são novas pessoas que vêm em busca de mercado de trabalho, há sempre um distúrbio no quadro social; e há também muitas mudanças na situação econômica e ambiental no município. Então, é importante que haja esta compensação."
LOC: Quanto aos chamados “municípios afetados” pela atividade minerária, que não são produtores de minérios mas sofrem impactos indiretos pela produção retirada de outros territórios, ainda não há previsão de pagamento porque ainda dependem da publicação de um decreto, por parte do Ministério das Minas e Energia, com objetivo de regulamentar a distribuição dos royalties da mineração. Esses municípios são afetados indiretamente pela exploração mineral, porque muitos deles são atravessados por rodovias, ferrovias e até hidrovias usadas no transporte dos produtos retirados das minas.
Reportagem, José Roberto Azambuja