LOC: A professora da Universidade Federal do Pará Maria Amélia Enriquez, especialista em assuntos relacionados a minérios no Brasil, revela que a maioria das prefeituras que recebem o dinheiro da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral) não presta conta de onde estão sendo aplicados esses rees, os chamados "royalties da mineração", — reados aos municípios produtores de minérios pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
A informação consta em um estudo divulgado recentemente pelo Centro de Tecnologia Mineral, do Ministério da Ciência e Tecnologia, e está disponível na revista internacional "Science Direct". O levantamento aponta que 62% dos municípios não estariam sendo transparentes sobre a destinação do dinheiro. A CFEM é uma compensação que os municípios recebem, em forma de royalties, por terem seus territórios explorados pelas empresas mineradoras. O dinheiro é reado pelo governo, para que os municípios se preparem para que sua economia no futuro não dependa apenas do ramo da mineração para sobreviver.
O Centro de Tecnologia Mineral (o CETEM), que divulgou o estudo, é um órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia que atua no desenvolvimento tecnológico para o uso sustentável dos recursos minerais brasileiros.
Maria Amélia Enriquez alerta que os municípios deveriam se esforçar para informar melhor o que fazem com a compensação financeira que recebem. Em entrevista exclusiva ao Brasil 61, a especialista fala a respeito do estudo divulgado pelo órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.
SONORA: Maria Amélia Enriquez, professora da UFPA
"Do ponto de vista de que que os municípios fazem com a compensação financeira, tem um trabalho recente que o CTEM publicou numa revista internacional, que eles fizeram uma amostragem de 30 maiores municípios para ver o grau de transparência, como é que esses municípios estão utilizando, e apenas em 38% deles foi possível verificar com o que a CEFM estava sendo gasta. Ou seja, para 62% não tem informação nenhuma sobre o uso dessa compensação."
LOC: Maria Amélia é autora do livro “Mineração: maldição ou Dádiva?” e já publicou diversos artigos sobre o tema. Atualmente, a professora da Universidade Federal do Pará auxilia vários estados a elaborar planos estaduais de mineração. A especialista observa que os recursos da CFEM devem ter destinação, conforme prevê a Constituição, para que o município produtor de minérios consiga, no futuro, uma maneira de viver economicamente de outras áreas e não dependa tanto da exploração mineral, como acontece atualmente na maioria dessas cidades mineradoras.
SONORA: Maria Amélia Enriquez, professora da UFPA
“Eu tenho acompanhado mais de perto aqui os municípios do Pará, e o que a gente observa aqui é uma preferência por gastos em infraestrutura de transporte, muito mais do que... Ou gastos istrativos, muito mais do que uma promoção de atividades econômicas. Quando a gente vê, por exemplo, perfil de gastos, a parte que vai para, por exemplo, diversificação da agricultura, a promoção da ciência e tecnologia, pensando outras formas, é um percentual muito pequeno do bolo que os municípios arrecadam."
LOC: Conforme estudo divulgado em agosto deste ano pela revista “Brasil Mineral”, os royalties da mineração representam até 40% da fonte da receita dos municípios produtores de minério. Os maiores produtores ficam no Pará e em Minas Gerais, mas também se destacam os estados de Goiás, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, entre outros.
Para ter o ao estudo divulgado pela professora da Universidade Federal do Pará, ou se você quiser saber se o seu estado ou o seu município recebeu dinheiro da CFEM em julho e agosto de 2023, basta ar o portal notícias Brasil 61: www.brasil61.noticiascatarinenses.com
Reportagem: José Roberto Azambuja