LOC.: A nova regra fiscal para equilibrar e manter sob controle as contas públicas traz medidas para que o governo busque cada vez mais arrecadação, mas não aponta mecanismos de revisão de gastos ineficientes. A avaliação é da economista e coordenadora de políticas públicas, Deborah Bizarria. Ela afirma que esse é um dos pontos negativos do chamado arcabouço fiscal (PLP 93/2023). Além disso, aponta que a regra não prevê uma responsabilização clara, caso o governo não cumpra a meta estabelecida.
TEC./SONORA: Deborah Bizarria, economista e coordenadora de políticas públicas
“Pela meta do arcabouço ser o superávit, tem uma tendência à busca por receita e por aumento de carga tributária, caso o governo queira realmente gastar mais, mesmo tendo os gatilhos de entre 30% e 70% da receita, que é o que o governo pode gastar. Se o Brasil crescer muito e a arrecadação crescer muito, tem o limite, que é 2,5%, e se tiver em uma crise ele vai preservar o mínimo de 0,6%. O incentivo geral é que o governo esteja sempre buscando mais arrecadação e não necessariamente rever os gastos.”
LOC.: O mestre em Direito Tributário pela PUC/SP e conselheiro da Associação Brasileira da Advocacia Tributária (ABAT), Eduardo Natal, explica que o atual governo possui a necessidade de ter mais recursos em ‘caixa’ para cumprir com seu compromisso social “mais profundo”.
TEC./SONORA: Eduardo Natal, mestre em Direito Tributário pela PUC/SP e conselheiro da Associação Brasileira da Advocacia Tributária (ABAT)
“O arcabouço, em termos gerais, é uma proposta de condução das contas da economia do Brasil em que leva em consideração que os limites de déficit ou de dívida pública podem ser maiores ou menores dependendo da receita que o país consiga arrecadar. É uma métrica móvel, se arrecadar mais o governo pode gastar mais.”
LOC.: Daniel Moreti, doutor e mestre em Direito Tributário pela PUC/SP e juiz do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo, explica que a reforma tributária e o arcabouço fiscal são dois lados da mesma moeda. De acordo com o tributarista, a reforma procura corrigir problemas do sistema atual com medidas relativas à arrecadação; já o arcabouço cuida dos gastos do governo.
TEC./SONORA: Daniel Moreti, doutor e mestre em Direito Tributário pela PUC/SP e juiz do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo
“O arcabouço fiscal trata da outra ponta, que é a forma e os limites existentes ou não para o Estado gastar. É óbvio que essas duas pontas devem estar equilibradas, sob pena de nós termos problemas seríssimos nas contas públicas de maneira geral.”
LOC.: Aprovado pelo Senado no fim de junho, o novo arcabouço fiscal será novamente analisado pela Câmara dos Deputados no segundo semestre, porque o texto sofreu alterações.
Reportagem, Fernando Alves