
LOC.: O número de casos da Covid-19 mais do que triplicou na região Centro-Oeste nos últimos 30 dias. É o que aponta levantamento do Brasil 61, que dá continuidade à série de cinco reportagens sobre o panorama da pandemia do novo coronavírus nas cinco regiões do país.
O avanço da Covid-19 no Distrito Federal, em Goiás, Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul tem preocupado o Ministério da Saúde, como apontou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, em entrevista coletiva na última semana.
Para o infectologista Hemerson Luz, está claro que a região Centro-Oeste atravessa o momento mais difícil no enfrentamento à pandemia desde março.
TEC./SONORA: Hemerson Luz, infectologista
“Analisando os gráficos de crescimento da Covid-19 no Centro-Oeste, percebemos que estamos em pleno pico, como era previsto para meados de julho. É bem provável que a tendência de crescimento persista por algum tempo até começar a decair o número de casos.”
LOC.: Segundo Francisco Araújo Filho, secretário de Saúde do Distrito Federal, a capital do país está “atravessando o pico” da curva de casos do novo coronavírus. A taxa de ocupação de leitos nos hospitais particulares, por exemplo, está em 95%, restando apenas 12 vagas para pacientes com a Covid-19. A expectativa do governador, Ibaneis Rocha, é de que, em breve, a quantidade de casos novos se estabilize, atingindo o chamado platô, antes da desaceleração.
Na rede pública, a situação é melhor. De acordo com a Sala de Situação do GDF, a taxa de ocupação é de 76%, com 144 leitos livres. De acordo com os dados mais recentes, o DF tem 73.654 casos confirmados e 960 óbitos pela doença. Apesar disso, a maior parte dos serviços e atividades não essenciais voltou a funcionar. Nesta quarta-feira será a vez dos bares e restaurantes voltarem após quase quatro meses de portas fechadas.
De acordo com a última atualização da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), são 38.299 casos confirmados e 910 mortes pelo novo coronavírus. Há um mês, eram pouco menos de oito mil ocorrências, o que aponta para um crescimento de 365% no período.
Estudos mostram que o estado enfrenta o momento mais crítico da pandemia, superando os mil casos diários. Dos leitos de UTI dos hospitais estaduais destinados para tratamento de pacientes com o vírus, 85% estão ocupados. A situação na capital, Goiânia, é crítica. Pelos dados, apenas seis leitos estão disponíveis. A taxa de ocupação é de 96%. Há a previsão de 38 novas vagas, que estão em implantação, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO).
Na última terça-feira (14), o governador do estado, Ronaldo Caiado, e o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, permitiram a volta dos serviços e atividades não essenciais após 14 dias de proibição por causa da quarentena intermitente.
Foi em Mato Grosso que a pandemia mais cresceu, proporcionalmente, no último mês. Os casos confirmados do novo coronavírus aumentaram mais de 400% no período. Já o número de óbitos saltou de 199 para 1.105, um crescimento de 455%. O avanço colapsou o sistema de saúde. Na última semana, a ocupação dos leitos chegou a 97%. Sem vagas, muitos hospitais particulares tiveram que transferir pacientes para estados vizinhos.
Hemerson Luz acredita que o melhor parâmetro para evitar o colapso do sistema de saúde é o acompanhamento da taxa de ocupação dos leitos de UTI. Por esse critério, a volta das atividades não essenciais em muitos locais da região é precipitada, conclui.
TEC./SONORA: Hemerson Luz, infectologista
“Se estiver acima de 70%, corre-se o risco de ocorrer o colapso do sistema de saúde e o aumento da taxa de letalidade, pois muitos pacientes poderão ficar aguardando, contribuindo para um desfecho desfavorável, incluindo o óbito.”
LOC.: Embora seja o estado que tem o menor número de casos da Covid-19 no país, Mato Grosso do Sul também viu as infecções pelo novo coronavírus triplicarem em 30 dias. Os dados mais recentes das autoridades em saúde sul-mato-grossenses apontam 13.934 ocorrências. Ao todo, são 177 óbitos. A taxa de ocupação dos leitos de UTI para pacientes com o novo coronavírus é de 48%.
Reportagem, Felipe Moura.