LOC.: Cerca de 890 toneladas de plásticos são despejadas no mar brasileiro por dia. A poluição marinha por plásticos é um grave problema global, que tem efeito sobre os ecossistemas marinhos, o clima, a qualidade de vida da população e as atividades econômicas que dependem do mar.
Um estudo da organização não governamental e sem fins lucrativos, Oceana, mostra que o Brasil, maior produtor de plástico na América Latina, é responsável por pelo menos 325 mil toneladas desses resíduos, que são levados a partir de fontes terrestres tais como lixões a céu aberto e descartes inadequados a cada ano.
Os dados fazem parte do relatório “Um oceano livre de plástico – desafios para reduzir a poluição marinha no Brasil”. De acordo com a pesquisa, a maior parte desse lixo marinho é composta por produtos e embalagens plásticas descartáveis e, em geral, esses itens são feitos para consumo e descarte imediato, gerando grande quantidade de resíduos não biodegradáveis.
Segundo a cientista marinha Lara Iwanicki, uma das responsáveis pelo relatório, a maior parte desses itens se torna lixo e isso acaba chegando no oceano, trazendo consequências tanto para a vida marinha quanto para a vida das pessoas.
Diante desse cenário, a Oceana propõe a criação de uma Lei nacional para reduzir a oferta e uso de plástico descartável, visando reduzir a geração de resíduos evitáveis, problemáticos e desnecessários de plástico, seguindo o exemplo de mais de 40 países no mundo. Lara fala sobre o assunto.
“Para impedir que o plástico continue entrando no nosso oceano a gente precisa reduzir a quantidade de plástico descartável que está sendo colocado no mercado. A Oceana defende que precisamos de uma lei nacional regulamentando o uso do plástico descartável e que as empresas também se responsabilizam, as empresas precisam oferecer para os seus consumidores alternativas, opções de embalagens e de produtos que não sejam plástico, para que o consumidor também consiga fazer uma escolha consciente.”
LOC.: Definindo o plástico como um material onipresente o ativista ambiental Alex Trevelin usou da mobilização nas redes sociais para tomar uma atitude que pudesse mudar a realidade das praias ao seu redor, criando então o Projeto ECOlibri.
“Claro que pra gente resolver um problema como esse, o que eu encaro também como uma prioridade é a mudança de hábito, é importante que sejamos ecoconscientes e saibamos promover a auto observação, pois através dessas iniciativas individuais que possibilitam acontecer as mudanças, mas é claro que políticas públicas, por exemplo planos de gerenciamento de resíduos sólidos, como o próprio nome sugere, eles precisam ser revisados e exigidos pelas secretarias municipais.”
LOC.: Para a cientista marinha, atitudes simples podem fazer a diferença, como a recusa do plástico descartável sempre que for possível. Ela afirmou ainda que é possível contribuir para diminuir esse número descartado no mar mesmo em municípios distantes do litoral, e que a atuação dos gestores municipais têm papel fundamental, sendo uma ótima oportunidade para os prefeitos com o início do novo mandato em 2021 implantarem a redução do uso do plástico descartável.
Reportagem, Rafaela Gonçalves.