LOC.: O presidente Lula sancionou, nesta terça-feira (31), o projeto que cria o Marco Legal das Garantias. Mas alguns dispositivos da proposta foram vetados. Entre eles o que permite que os bens móveis, como os veículos, sejam alvo de cobrança e apreensão extrajudicial – fora da justiça – em caso de inadimplência pelo tomador do crédito.
Hoje, os bancos precisam do aval da justiça para apreender o bem. Eles alegam ser esse um dos motivos para o custo elevado de empréstimos e financiamentos. O Marco Legal das Garantias visa facilitar a execução das garantias dadas em operações de crédito. A ideia é que, em caso de inadimplência, os bancos e demais instituições financeiras possam ter as garantias em mãos de forma mais rápida e barata, o que pode ter impacto positivo na oferta de crédito.
Doutor em economia, Hugo Garbe comenta que o projeto quer trazer mais segurança jurídica para o mercado de crédito brasileiro.
TEC./SONORA: Hugo Garbe, doutor em economia e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
"O objetivo é diminuir a insegurança jurídica na execução de garantias para empréstimos. Os bancos alegam que uma das causas do spread gigantesco que nós temos no Brasil em comparação com outros países é essa insegurança jurídica e eu acredito que o marco pode contribuir para uma redução do spread."
LOC.: O Marco Legal das Garantias também permite que um mesmo imóvel seja dado como garantia em mais de um empréstimo. Relator do projeto de lei na Câmara dos Deputados, o deputado João Maia, do PL do Rio Grande do Norte, detalha a mudança.
TEC./SONORA: deputado federal João Maia (PL-RN)
"Hoje, se você tiver um bem que vale um milhão e der ele de garantia de empréstimo por cem mil, ele fica preso, quer dizer, fica novecentos mil de garantia ociosa até você liquidar o empréstimo. O projeto, portanto, aumenta a competição, porque eu posso ir em outro banco e oferecer os outros novecentos até completar o valor do bem."
LOC.: Os vetos presidenciais agora voltam para análise de deputados e senadores. Para derrubá-los, é necessária maioria absoluta dos votos, ou seja, 257 na Câmara, e 41 no Senado.
Reportagem, Felipe Moura.