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Expectativa é que diesel mantenha preço até fim do ano. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Expectativa é que diesel mantenha preço até fim do ano. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Preço do diesel chega ao limite e não deve subir muito até dezembro

Medidas Provisórias que reoneravam o combustível deixaram de valer; governo só deve retributar o ICMS em janeiro de 2023, avaliam especialistas


Duas MPs (Medidas Provisórias) apresentadas pelo governo “caducaram” no Congresso Nacional (perderam a validade por não serem votadas a tempo), fazendo com que o óleo diesel voltasse, a partir desta semana, a ser revendido sem a cobrança de 14 centavos de ICMS por litro. O ICMS é o Imposto cobrado sobre a Circulação de Mercadorias, cuja reoneração estava prevista para janeiro de 2023 mas foi antecipada pelo governo para acontecer em setembro, com objetivo de financiar o desconto que o Ministério da Fazenda deu, no mês de junho, no preço dos veículos automóveis chamados de "carros populares". 

Apesar de setembro ter sido o mês em que o diesel atingiu seu maior preço neste ano, especialistas ouvidos pelo portal Brasil 61 entendem que, se o governo não tributar novamente o combustível, nos próximos meses, o preço do diesel deverá se manter nos patamares atuais até o final deste ano, quando termina o prazo previsto pela desoneração iniciada em 2022, pelo governo Bolsonaro e continuada este ano pelo presidente Lula.

Para Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília, outra boa notícia é que a desoneração provocada pela queda das duas MPs vai auxiliar o Banco Central a “segurar” a inflação nos mesmos patamares. O diesel é o combustível mais usado no transporte de produtos consumidos pelos brasileiros, inclusive transporta praticamente todos os combustíveis existentes, além de todos os alimentos. "Quando há aumento no preço do diesel, invariavelmente há aumento da inflação", observa o especialista.

“Na prática, [a desoneração] pode gerar uma descompressão na inflação, contribuindo com o controle inflacionário por parte do Banco Central, o que seria algo interessante”, avalia Renan Silva. Porém, ele observa que deve-se considerar também, “que nos últimos dois meses o petróleo voltou a subir forte com as restrições na produção da Arábia e também na redução das exportações por parte da Rússia  — tanto da gasolina como de diesel, lembrando que o Brasil é um importador de diesel também”.

“Nesse sentido, isso pode contribuir que a gente tenha os preços um tanto menores aí pelo menos até dezembro de 2023”, previu.

Consumidor em alerta

Outro especialista, o economista Luigi Mauri, destaca que  —  havendo ou não a reoneração dos combustíveis, especialmente do diesel — “o consumidor deve ficar alerta porque, possivelmente em janeiro, não havendo nenhuma mudança legislativa até lá, poderá haver uma retributação sobre o preço do combustível”. 

“Independente do cenário atual, a partir de janeiro do ano que vem, não havendo nenhuma mudança na legislação vigente, o consumidor deve sentir um pouco os efeitos do maior preço do diesel”, observou. “Além disso, a Petrobras hoje pratica preços no mercado nacional que são defasados, com relação ao que é praticado no exterior”.

Entenda

Renan Silva lembra que o governo Lula deixou caducar as MPs 1175 e 1178, relacionadas ao programa automotivo e à tributação do óleo diesel. Portanto, o combustível só deverá voltar a ser tributado entre o fim deste ano e o início do próximo. A MP 1175 foi editada no início de junho, instituindo o desconto patrocinado pela União nos preços de carros ditos “populares”, além de caminhões e ônibus — e promovia a reoneração parcial do diesel a partir de setembro, justamente com o fim do bônus dado pelo Poder Executivo, no ano ado.

“A desoneração dos combustíveis foi implementada pelo governo Bolsonaro, com objetivo de atenuar os efeitos da crise entre Rússia e Ucrânia, que elevou o preço dos combustíveis pressionando a inflação global e também consequentemente a inflação no Brasil”, lembrou Renan Silva. “Esta desoneração, com a queda das MPs do atual governo, volta a ter sua validade até dezembro de 2023”,  concluiu o professor. 
 

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LOC: Duas MPs (Medidas Provisórias) apresentadas pelo governo “caducaram” no Congresso Nacional (ou seja: perderam a validade por não serem votadas a tempo), fazendo com que o óleo diesel voltasse, a partir desta semana, a ser revendido sem a cobrança de 14 centavos de ICMS por litro. O ICMS é o Imposto cobrado sobre a Circulação de Mercadorias, cuja reoneração estava prevista para janeiro de 2023 mas foi antecipada pelo governo para acontecer em setembro, com objetivo de financiar o desconto que o Ministério da Fazenda deu, no mês de junho, no preço dos veículos automóveis chamados de "carros populares". 

Apesar de setembro ter sido o mês em que o diesel atingiu seu maior preço neste ano, especialistas ouvidos pelo portal Brasil 61 entendem que, se o governo não tributar novamente o combustível, nos próximos meses, o preço do diesel deverá se manter nos patamares atuais até o final deste ano, quando termina o prazo previsto pela desoneração iniciada em 2022, pelo governo Bolsonaro e continuada este ano pelo presidente Lula.

Para Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília, outra boa notícia é que a desoneração provocada pela queda das duas Medidas Provisórias vai auxiliar o Banco Central a “segurar” a inflação nos mesmos patamares. O diesel é o combustível mais usado no transporte de produtos consumidos pelos brasileiros, inclusive transporta praticamente todos os combustíveis existentes, além de todos os alimentos. Quando há aumento no preço do diesel, invariavelmente há aumento da inflação.

SONORA: Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília

“Tanto a MP 1.175 e a MP 1.178 perderam sua validade e que isso na prática, pode realmente gerar uma descompressão na inflação, contribuindo com o controle inflacionário por parte inclusive do Banco Central, o que seria algo interessante. Lembrando também que nos últimos dois meses, também o petróleo voltou a subir forte nas restrições na produção da Arábia e também na redução das exportações por parte da Rússia, e isso pode contribuir que a gente tenha os preços um tanto menores, pelo menos até dezembro de 2023."


LOC: Outro especialista, o economista Luigi Mauri, destaca que – havendo ou não a reoneração dos combustíveis, principalemnte do diesel – o consumidor deve ficar alerta porque, se não houver nenhuma mudança na legislação que define a cobrança de tributos, a partir de janeiro do ano que vem poderá haver uma retributação sobre os preços do combustível.

 

 SONORA: Luigi Mauri, economista 

“Havendo ou não desoneração dos combustíveis, especialmente do diesel, neste mês de outubro, o consumidor deve ficar atento porque, em janeiro, muito possivelmente, não havendo nenhuma mudança legislativa, haverá uma retributação sobre o preço do diesel. Então, independente do cenário atual, a partir de janeiro do ano que vem, não havendo nenhuma mudança na legislação vigente, o consumidor deve sentir um pouco os efeitos do maior preço do diesel. Além disso, a Petrobras hoje pratica preços no mercado nacional que são defasados, com relação ao que é praticado no exterior”.

 


LOC: A desoneração dos combustíveis, inclusive do óleo diesel, foi implementada no ano ado com objetivo de amenizar os resultados da crise entre Rússia e Ucrânia, que elevou o preço dos combustíveis em todo o planeta, pressionando a inflação global, inclusive no Brasil. A desoneração dos tributos cobrados pela União sobre os combustíveis continuou sendo feita pelo atual governo, e com a queda das Medidas Provisórias que deram descontos nos preços dos carros populares, a desoneração voltou oficialmente a ter validade até dezembro de 2023. 

Reportagem: José Roberto Azambuja