LOC.: Após a derrubada dos vetos do presidente Lula ao projeto que estabelece um marco temporal para demarcação de terras no Brasil, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que vai acionar o STF.
A votação aconteceu nesta quinta-feira (14), em sessão conjunta no Congresso Nacional.
Entre os deputados, foram 321 votos contrários ao veto e 137 favoráveis. Já entre os senadores, foram 53 contrários e 19 favoráveis.
A derrubada dos vetos foi uma vitória da bancada do agronegócio. A Frente Parlamentar da Agropecuária, a FPA, defende que a proposta visa o direito de propriedade, além de evitar conflitos e garantir a segurança jurídica.
Durante a sessão, um dos membros da frente, o deputado Luis Carlos Heinze, do PP do Rio Grande do Sul, comentou a importância do marco temporal.
TEC./SONORA: Luis Carlos Heinze - deputado
“Nenhum país no mundo tem a extensão territorial destinada aos indígenas como nós temos no Brasil. O percentual que temos para reservas indígenas é muito alto. Quase 50% do Brasil não se utiliza. Hoje é no meio rural, mas se essa moda pega, qualquer propriedade na cidade ou no campo poderá ser expropriada”.
LOC.: Em 21 de setembro, o STF decidiu que a tese era inconstitucional. Nove dos 11 ministros deram razão aos povos indígenas. Oito dias depois o Congresso aprovou um projeto de lei para incluir a tese em lei federal.
A professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Flávia Bahia explica o que muda com o marco.
TEC./SONORA: Flávia Bahia - professora FGV
“Ele estabelece que os povos indígenas só possuem o direito de reivindicar determinada terra, caso eles já ocuem em 5 de outubro de 1988, dia em que a Constituição Federal foi promulgada. Então, se determinado povo não estivesse no território, seria necessária uma comprovação na Justiça, um processo, um conflito”.
LOC.: No dia 20 de outubro, o presidente Lula vetou o principal ponto do projeto, argumentando que a tese já havia sido considerada inconstitucional.
Agora, com a derrubada do veto, o Ministério dos Povos Indígenas divulgou uma nota informando que vai acionar a Advocacia Geral da União (AGU) para ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal.
Reportagem, Yumi Kuwano