LOC.: Uma solução inovadora e sustentável chamada Aedes do Bem foi desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil desde 2011. Livre de inseticidas químicos, a tecnologia faz o controle biológico do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Mas como funciona essa tecnologia? É segura? Para tirar essas dúvidas, conversamos com a coordenadora de Operações de Campo da Oxitec no Brasil, a bióloga e doutora em biologia funcional e molecular Luciana Medeiros.
Dra, Luciana, qual é o objetivo da nova tecnologia?
TEC./SONORA: Coordenadora de Operações de Campo da Oxitec - Luciana Medeiros
"Essa tecnologia foi desenvolvida pela Oxitec, que é uma empresa de controle de pragas, controle biológico de pragas. Ela já existe há 20 anos, foi fundada na universidade de Oxford e já há 12 anos desenvolve o Aedes do Bem no Brasil. Então, é uma tecnologia que já tem muitos anos de estudo, de inovação, e que foi desenvolvida pensando em fazer o controle biológico das pragas e insetos. Então, quando o Aedes do Bem é liberado das Caixas do Bem encontra as fêmeas no ambiente e, quando essas fêmeas cruzam com os machos aéreos do bem, ela só produz novos machos. Ao longo do tratamento a população de fêmeas diminui e, consequentemente, é controlada a população do Aedes aegypti no local tratado."
LOC.: Como vai funcionar essa medida de combate ao mosquito da dengue?
TEC./SONORA: Coordenadora de Operações de Campo da Oxitec - Luciana Medeiros
"Essa metodologia pode ser aplicada não só para governos, prefeituras, mas para o consumidor final, indústrias, comércios, porque tem uma flexibilidade grande e as caixinhas são projetadas para tratar aproximadamente 5.000 m². Essa é uma medida preventiva. Não é uma tecnologia corretiva, como quando é aplicado, por exemplo, o químico, o inseticida. Então, o Aedes do Bem chega como um adjuvante, adicionando controle às medidas já existentes."
LOC.: Existe um local específico para colocar as caixas?
TEC./SONORA: Coordenadora de Operações de Campo da Oxitec - Luciana Medeiros
"Sim, as caixas foram projetadas para liberarem os mosquitos do lado de fora. A gente não trata o ambiente interno, mesmo porque os criadores estão do lado de fora. Então dentro da caixa tem um refil, que é um cestinho plástico e toda vez que você for ativar a caixa, você troca esse refil. O refil dura 28 dias, então adiciona o cesto plástico onde contém os ovos do Aedes do Bem e ativa essa caixa com água. O o a o é: colocar o cestinho, a cápsula de ovos, ativar com água e aí é o mosquito que faz o trabalho pela gente. Você volta nessa caixa dali a 28 dias apenas."
LOC.: Com a liberação do mosquito macho, não existe o risco de haver um desequilíbrio no ecossistema?
TEC./SONORA: Coordenadora de Operações de Campo da Oxitec - Luciana Medeiros
"Não existe. O Aedes do Bem foi extensivamente estudado. A autoridade que nos deu a aprovação para que o produto fosse comercializado é a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e exigem que a gente realize um estudo muito aprofundado de impacto ecológico para comprovar que não existe nenhum tipo de impacto. Esses estudos comprovaram que o Aedes do Bem não é tóxico, então qualquer diferença do Aedes do Bem para o Aedes aegypti e do ambiente que a gente teve que trazer para ter essa tecnologia, a gente pensou nisso para não causar nenhum tipo de impacto no ambiente. Então, tudo o que ele tem de diferente não é tóxico nem alergênico. O segundo ponto que foi estudado também é como ele entra na cadeia alimentar, então todos os animais que possam se alimentar de um Aedes aegypti, tivemos que fazer um monitoramento disso para saber se é algum tipo de impacto e não tem nenhum tipo de impacto".
LOC.: Qual a importância da adoção de medidas mais eficazes no controle do mosquito Aedes aegypti?
TEC./SONORA: Coordenadora de Operações de Campo da Oxitec - Luciana Medeiros
"O Aedes aegypti, nessa receitinha calor, mais chuvas, eles começam se reproduzir em alta velocidade e a cada ano a gente percebe que ele está altamente adaptado, e tem evolução em qualquer tipo de tecnologia de inseticida, a maneira de se aplicar, então tem drone, existem químicos que são menos tóxicos e com maior eficiência, mas ainda assim o mosquito volta. E o Aedes do Bem chega para complementar tudo isso, todas essas tecnologias não funcionam sozinhas, então quem sabe, com uma adoção massiva ao Aedes do Bem, vamos fazer com que esse controle esteja mais nas nossas mãos."
LOC.: Conversamos com a coordenadora de Operações de Campo da Oxitec no Brasil, a bióloga Luciana Medeiros. Ela comentou sobre a solução sustentável de que pretende diminuir os números do Aedes aegypti, o agente transmissor de doenças como dengue, zica e chikungunya.