LOC: O Ministério da Educação publicou novas estimativas de receitas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb, para o exercício de 2023. Essas estimativas foram publicadas no Diário Oficial da União, na última terça-feira, dia 29.
Desta maneira, o governo anunciou uma receita total para o Fundeb estimada em mais de 264 bilhões de reais, para serem gastos em educação básicas entre os meses de setembro a dezembro deste ano.
O professor Eduardo Galvão, que leciona Políticas Públicas no Ibmec, a atualização das cifras demonstra o compromisso do MEC em valorizar a educação básica e os profissionais que a impulsionam. Segundo ele, mesmo sendo modesto, o crescimento da receita reflete a busca por um sistema educacional mais equitativo.
Já o especialista em finanças públicas Murilo Viana, que possui mestrado em Economia pela Unicamp, lembra que o Fundeb é a principal fonte de financiamento da educação básica brasileira. Ele entende que os valores trazem uma cifra muito significativa, que alcança os estados e também os quase 6 mil municípios. No entanto, ele observa que os valores gastos por aluno no Brasil são muito baixos, em relação a outros países do mundo.
SONORA: Murilo Viana, especialista em finanças públicas
"Evidentemente isso impacta a capacidade, sobretudo dos municípios menores, em fazer frente às despesas educacionais. Vale lembrar que muitos municípios têm praticamente nenhuma capacidade de arrecadar, de receitas próprias, e vive de transferências da União. Entre essas transferências tem a relevância do Fundeb. Ocorre que, embora seja bastante expressivo do ponto de vista do peso dessa despesa, especialmente para a União, o gasto por aluno no Brasil ainda é relativamente baixo."
LOC: Para o consultor de Orçamentos César Lima, no setor da Educação as demandas sempre são maiores do que as receitas. Diante das dificuldades enfrentadas pelo país, com queda permanente de arrecadação de recursos, o consultor dá um conselho importante para que os gestores da Educação atravessem o momento atual, com mais facilidade. O especialista entendem que o bom gestor deve adiar as despesas que não são obrigatórias e priorizar o pagamento das despesas sobre as quais não há como deixar para depois.
SONORA: César Lima, consultor de Orçamentos
"Se tem aí muitas despesas obrigatórias que não se consegue deixar de arcar, mas assim o que puder ser adiado, nessa situação aí que eu entendo sazonal, essa situação de queda de arrecadação, dá para o gestor adiar e deixar [para pagar as despesas que não são obrigatórias] para um momento em que ela retorne ao patamar que era antes."
LOC: De acordo com a Confederação Nacional de Municípios, o crescimento da receita total do Fundeb é de mais de 273 milhões, o que representa aumento de apenas 0,1% em relação às estimativas de receita publicadas na Portaria 2/2023. A partir desses dados, a entidade divulgou análise, segundo a qual, essa realidade não espelha o cenário de queda na arrecadação verificada nas contas das prefeituras, principalmente em relação ao Fundo de Participação dos Municípios, dos últimos dois meses.
Reportagem, José Roberto Azambuja