LOC.: A pandemia de Covid-19 causou um colapso e evidenciou algumas vulnerabilidades do sistema de saúde brasileiro. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades, Antônio Bezerra, a principal lição é a necessidade de o Brasil alcançar uma maior independência na produção de Insumos Farmacêuticos Ativos. O chamado IFA é ingrediente para a produção de vacinas e medicamentos.
TEC./SONORA: Antônio Bezerra, presidente da Abifina
“Nós temos uma dependência muito grande dos insumos da Índia e da China nessa área farmacêutica, principalmente na área dos IFAs. Nós temos um déficit na balança comercial beirando US$ 10 bilhões na área de IFAs e produtos farmacêuticos. Então esperamos que essa lição, de mostrar a nossa vulnerabilidade neste campo, nós possamos trabalhar junto com o governo para iniciarmos a diminuição dessa vulnerabilidade.”
LOC.: O Brasil produz apenas 5% do IFA utilizado pela indústria farmacêutica. O restante é importado da China ou da Índia, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos, a Abiquifi. O presidente-executivo da entidade, Norberto Prestes, acredita que o país possui capacidade para reverter este cenário de dependência externa por meio de investimentos em desenvolvimento tecnológico.
TEC./SONORA: Norberto Prestes, presidente-executivo da Abiquifi
“Tem duas potências muito fortes que são China e Índia, que acabam engolindo o mercado mundial. Mas nós temos alguns diferenciais, tanto energia limpa, a gente pode produzir com outras tecnologias, a gente pode desenvolver novos métodos de síntese química, utilizando, por exemplo, inteligência artificial. Então temos que definir prioridades, investir maciçamente em desenvolvimento tecnológico tanto nas universidades, centros de pesquisa, startups e nas próprias empresas.”
LOC.: O Plano de Retomada proposto pela Confederação Nacional da Indústria elenca saúde e segurança sanitária como uma de suas missões. O objetivo é a universalização do o à saúde e o desenvolvimento competitivo da cadeia de produção e exportação de medicamentos, vacinas, testes, protocolos, equipamentos e serviços.
Neste sentido, a proposta prevê o desenvolvimento e produção de vacinas; de insumos farmacêuticos e medicamentos; entre outros.
No último dia 20 de julho, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços publicou uma resolução que estabelece princípios, missões e objetivos da nova política industrial. Dentre as missões, está o complexo econômico industrial da saúde para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o o à saúde.
A ideia é reduzir a dependência externa, ampliar o o à saúde no SUS e preparar o Complexo Econômico-Industrial da Saúde para o enfrentamento de emergências futuras em saúde pública.
Reportagem, Fernando Alves